Ramos-Horta nota uma forte determinação em Guiné-Bissau para produzir o roteiro politico

21 abr 2013

Ramos-Horta nota uma forte determinação em Guiné-Bissau para produzir o roteiro politico

19 de Abril de 2013 - O Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Guiné Bissau, disse sexta-feira após encontros com o presidente da Asambleia Nacional Popular (ANP), o primero ministro da transição e chefes de partidos políticos, estar convencido de que existe uma forte determinação por parte dos seus interlocutores para produzir um roteiro político neste pais da África Ocidental.

"Eu estou convencido de que, da parte do Presidente da ANP assim como do governo, há forte determinação de, rapidamente, produzir para o povo da Guiné Bissau e para a comunidade internacional o chamado roteiro político, para todos nós sabermos o calendário político que culmina com eleições legislativas e presidenciais," disse o Sr. José Ramos-Horta.

"No encontro com o Presidente da ANP e o Primeiro-ministro fiquei a saber que está práticamente tudo pronto," revelou durante uma conferencia de imprensa realizada na sede do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) en Bissau. " A demora resulta do estado de saúde do senhor Presidente de Transição, [Serifo] Nhamajo, que tem estado fora. Mas, como a situação exige, é possível que, mesmo com a ausência do senhor Presidente Nhamajo, o Presidente da ANP poderá empurrar o processo e todos nós ficamos a saber o calendário político até a realização de eleições".

"Isso passa pela formação de um governo ainda de base mais alargada, que envolva o PAIGC enquanto partido e não enquanto pessoas, e continuamos a defender que devia ser o mais cedo possível - digamos, em novembro ou dezembro de 2013", reiterou Ramos-Horta, que voltou sexta-feira a Bissau após o périplo que o levou à Gãmbia, Senegal, Cabo Verde e Moçambique para consultas com as autoridades desses países.

De volta a Bissau, Ramos-Horta - que se fez acompanhar neste périplo do Representante Especial da União Africana no país, Ovídio Pequeno - realizou contactos com os dirigentes do Partido africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde (PAIGC) e do Partido da Renovação Social (PRS) bem como os embaixadores ou encarregados de negócios acreditados no país, além do Primer-Ministro e o Presidente da ANP.

Sobre os recursos técnicos e financeiros para as eleições, Ramos-Horta disse que a "comunidade internacional mobilizar-se-á para apoiar a Comissão Nacional de Eleições na realização de todo o processo eleitoral".

Insistindo sobre os encontros que teve com dirigentes do PAIGC e do PRS, destacou Ramos-Horta que ficou "bastante feliz por saber que tem havido diálogo frequente, concertação, entre os dois, que têm obrigações muito grandes para garantir a paz, a estabilidade e a boa-governação na Guiné Bissau". O facto de o PAIGC e o PRS estarem em diálogo constitui algum "motivo de otimismo", disse, "mas, também é motivo para otimismo quando outros partidos não tão grandes, como o PAIGC e PRS, mas que têm a legitimidade, com ou sem assento na ANP, também se têm pronunciado, incluindo a sociedade civil".

Da visita de trabalho a Cabo Verde, onde também se encontrou com o ministro brasileiro das Relações Exteriores, à sua missão em Moçambique, Ramos-Horta diz ter encontrado uma "sintonia de posições entre todos os países".

"Desde a Gâmbia, Senegal até Moçambique, Cabo Verde, Brasil, há a sintonia de posições em relação as eleições, livres, democráticas, transparentes a ter lugar ainda este ano, de preferência; e há compromissos que todos assumem. Isso inclui também a União Europeia, com quem temos falado em dar todo o apoio técnico, financeiro para a realização das eleições", frisou.

"E que, no período de pôs-eleições, a partir da formação do próximo governo, a comunidade internacional vai dar todo o apoio para a reorganização, reconstituição do estado guineense", anunciou.