Profissionais de saúde na linha da frente no combate à COVID em risco
Na Guiné Bissau, queixam-se de falta de material de proteção e maior apoio aos médicos e enfermeiros porque quanto maior for o número de profissionais de saúde doentes, maior será o impacto no atendimento à população e menor será a capacidade de atendimento.
“São eles que têm contato direto, 24h, com os pacientes, seja suspeito e/ou confirmado, realizando diversos procedimentos que aumentam o risco de transmissão do vírus”, lembra o Bastonário de Ordem dos Enfermeiros da Guiné-Bissau, Alberto Oliveira O coordenador do Centro de Operações de Emergência de Saúde, Dionísio Cumba, disse que até o momento (22\5) 46 profissionais de saúde estão infectados e confinados em diferentes estabelecimentos hospitalares do país, mais o numero pode ser ainda maior tendo em conta a ultima data de atualização.
Dionísio aconselha os profissionais de saúde que apresentam fatores de risco à doença para suspenderem temporariamente o trabalho por questão de precaução. “Quanto aos profissionais de saúde com idade avançada que ainda estão no sistema, deve ser encontrada um lugar com menos risco de contaminação.
Esta medida é também válida para os agentes de saúde que apresentem fatores de risco e querem continuar a trabalhar”, acrescenta Dionisio Cumba. O Bastonário de Ordem dos Enfermeiros critica a falta de materiais de proteção para os enfermeiros, nas 114 áreas sanitárias do país e afirma que desde o início chamou a atenção do governo sobre a questão de proteção dos profissionais de saúde, “exatamente para evitar o que está-se a assistir neste momento.” “É humilhante e desrespeitosa a forma como estão a tratar a classe dos enfermeiros, e mais outras classes que estão infetados e foram abandonados pelo estado da Guiné-Bissau.
Para mim foi uma fachada mete-los todos num hotel e depois não lhes prestar mínima atenção, não devemos esquecer que estas pessoas precisam recuperar para voltar a dar assistência a população” alerta o bastonário. O estado da Guiné-Bissau no seu segundo decreto prometeu garantir seguro de saúde e de vida aos profissionais de saúde. “Mas posso-te garantir que até o momento ninguém sabe que tipo de seguro vão receber e no caso da morte qual será a indemnização à família”, disse Alberto Oliveira acrescentando que neste momento 25 enfermeiros estão infetados e confinados num dos hotéis da capital.
O Bastonário apela por isso ao governo da Guiné-Bissau para se esforçar mais e criar melhores condições de trabalho “porque se continuarmos com este ritmo todos os enfermeiros ficarão infetados e não haverá ninguém para dar assistência a população, alerta este especialista.” Na Guiné-Bissau, até à noite de quinta-feira (28/5), registavam-se 1.195 mil casos confirmados, oito mortos e 42 recuperados. Este especialista afirmou que o aumento drastico de numero de infetados no país deve-se a falha verificada na prevenção por as pessoas não foram disciplinadas.
Com a pandemia, a ONU na Guiné-Bissau mudou para o modo humanitário, priorizando o apoio ao plano de contingência do governo para a prevenção do COVID-19. O sistema das Nações Unidas na Guiné-Bissau criou várias tasforce (logística, comunicações, assistência médica, mobilização de recursos) que fornecem apoio técnico e financeiro ao COES e ao comité interministerial estabelecido pelo governo para implementar a resposta. Sob a liderança da OMS, a Equipa de país da ONU conseguiu prestar a assistência mais necessária à já fraca estrutura de saúde do país para responder à pandemia.
O Coordenador Residente, apoiado pelo Banco Mundial e pela OMS, manteve contato regular com o comitê interministerial para discutir, assistir e ajudar a implementar a resposta ao COVID-19.
O apoio da ONU tem-se traduzido em fornecimento de equipamentos médicos (ventiladores, máscaras, equipamentos médicos) e testes COVID-19, reparação e reforma de uma instalação médica no hospital principal do país para receber e tratar casos graves COVID-19; a nomeação de um coordenador da COVID-19, que apoiará a implementação do projeto REDISSE, o apoio à mobilização social com os principais líderes de opinião (líderes religiosos, curandeiros tradicionais, chefes das aldeias), e a formação da equipa médica e dos media e a campanha de comunicação massiva para a prevenção do COVID-19.