Na Guiné-Bissau as mulheres é que garantem o sustento da família

No dia 8 de março celebrou-se mais um Dia Internacional da Mulher na Guiné-Bissau, sob o lema “50/50 até 2030: Promoção de igualdade entre homens e mulheres” com várias iniciativas para recordar o percurso das mulheres guineenses, as suas dificuldades e as conquistas ao longo das décadas na luta pelos direitos e pela igualdade de oportunidades.

6 abr 2016

Na Guiné-Bissau as mulheres é que garantem o sustento da família

Na Guiné-Bissau as mulheres representam 51 por cento da população mas continuam pouco representadas na esfera política. São no entanto mais frequentemente vítimas de violações de direitos humanos: casamento precoce e forçado, violência doméstica, mutilação genital feminina, abusos e violência sexual e assédio sexual nos locais de trabalho.

Ser mulher na Guiné-Bissau significa vida dura, porque a maioria das mulheres guineenses vive em situação de extrema pobreza e para sustentar a casa e garantir a educação dos filhos elas são obrigadas a vender legumes, peixes, roupas nas ruas.

Apolinária Mendonça é uma destas mulheres que labutam diariamente para colocar o pão na mesa e garantir o bem-estar da família. Mãe de quatro filhos, Apolinária é vendedora de água, na calçada do mercado de Bandim. Acorda todos os dias às 5 e meia da manhã para ir comprar gelo e depois encher os saquinhos e levar ao mercado.

“Não tenho trabalho, o pai dos meus filhos não me ajuda, então sou obrigada a vender para garantir o sustento em casa, pagar a escola e comprar roupas para as crianças e para mim também, consigo fazer tudo isso, graças às minhas actividades económicas. Não tenho muito dinheiro, mas ajuda a não passar fome”., contou Apolinária.

No acto oficial das comemorações que teve lugar no Palácio do Governo, em Bissau, a vice presidente da Plataforma Politica das Mulheres, Silvina Tavares, lembrou o papel crucial das mulheres na sociedade guineense e sublinhou que ainda há muito a fazer para alcançar uma verdadeira igualdade:

“Hoje as mulheres estão em maior número entre os trabalhadores guineenses e são responsáveis pelo sustento de muitas pessoas e de muitas famílias, no entanto muitas mudanças precisam ser realizadas para de facto comemoramos essa data, pois infelizmente muitas mulheres ainda trabalham com a mesma carga horária do homem e ganham menos”.

A ministra da Mulher, Família e Coesão Social, Valentina Mendes, disse por seu turno que “na problemática das mulheres tudo é prioridade, para começar temos alta taxa de abandono escolar das meninas, casamento precoce e forçado, violência doméstica e mutilação genital feminina que constituem prioridades do governo em geral e em particular do ministério da Mulher”.