Fim da crise passa pelo retorno à ordem constitucional, segundo RESG

23 abr 2012

Fim da crise passa pelo retorno à ordem constitucional, segundo RESG

19 Abril 2012 - O enviado das Nações Unidas na Guiné-Bissau pediu hoje à comunidade internacional para garantir que qualquer solução à actual crise política neste país oeste-africano seja baseada num processo que traduza a vontade do povo e num engajamento que vise o retorno à ordem constitucional.

 

"Penso que os partidos representados no parlamento devem ser claramente envolvidos em qualquer busca de solução que passe pelo retorno à ordem constitucional e leve em conta a questão da inclusão", afirmou o Representante Especial do Secretário-Geral na Guiné-Bissau, Joseph Mutaboba, dirigindo-se ao Conselho de Segurança por video-conferência.

Militares guineenses tomaram o poder há uma semana e prenderam o Presidente interino Raimundo Pereira e o Primeiro ministro Carlos Gomes Júnior.

O golpe ocorreu antes da segunda volta das eleições presidenciais de 29 de Abril entre o antigo Primeiro ministro Carlos Gomes Júnior e o ex-presidente Koumba Yalá.

Mutaboba, igualmente Chefe do Gabinete Integrado para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), disse ao Conselho que as negociações com vista a um acordo entre a junta militar e outros partidos excluíram o partido maioritário no Parlamento, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

"Chamo a atenção para o facto de qualquer solução que exclua o PAIGC e outros partidos representados no Parlamento é caminho aberto para uma futura crise e poderá ser a negação da escolha do povo feita nas eleições de 2008", disse Mutaboba.

Nas suas declarações, a presidente da configuração específica da Guiné-Bissau da Comissão de Consolidação da Paz (PBC), a embaixadora Maria Luiza Viotti, do Brasil,disse que o Conselho e toda a comunidade internacional devem actuar de forma unida para ajudar a Guiné-Bissau a acabar, uma vez por todas, com o ciclo de violência, golpes de estado, impunidade e instabilidade em que o país está há muito mergulhado.

"A solução à crise actual exige a libertação imediata de todas as autoridades actualmente detidas pelos autores do golpe, o regresso das forças armadas às casernas e a retoma do processo eleitoral", indicou a embaixadora Viotti.

Na segunda-feira, o Secretário-Geral Ban Ki-moon manifestou a sua preocupação pelo facto de, apesar dos apelos da comunidade internacional para um regresso imediato à ordem constitucional na Guiné-Bissau, os autores do golpe de estado agravaram a crise política ao anunciar a sua intenção de instalar um governo de transição nacional.

Ban Ki-moon e o Conselho de Segurança condenaram veementemente o golpe de estado ocorrido na Guiné-Bissau e apelaram ao retorno imediato da ordem constitucional. (Fonte: Centro de notícias da ONU)