Eleições/Recenseamento Eleitoral: RESG - Visita de trabalho a Cacheu
8 de Janeiro de 2014 - O Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para a Guiné-Bissau declarou hoje estar "muito bem impressionado com a adesão das autoridades e população ao processo de recenseamento", no rescaldo de uma visita de dois dias à região de Cacheu.
José Ramos-Horta realizou entre terça e quarta-feira uma visita de trabalho e monitorização da situação político-social à região de Cacheu, com ênfase no processo de recenseamento eleitoral em curso.
Esteve acompanhado por uma equipa do Gabinete Integrado das Nações Unida para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), designadamente das unidades do Estado de Direito e Segurança Institucional (ROLSI - Rule of Law and Security Institutions), Direitos Humanos (HR - Human Rights), com representação no escritório de São Domingos (Norte), e Informação (PI - Public Information).
O Nobel da Paz partiu às primeiras horas da manhã de terça-feira de Bissau, rumo a Bula, onde, na sede do sector, o aguardava o Governador, Fernando Abna, e o Administrador, Armando Sanca, entre outras autoridades civis, militares e policiais locais.
A primeira constatação do desenrolar do recenseamento eleitoral foi feita directamente por José Ramos-Horta na tabanca de Pitch Yalá, seguindo-se Dimpili, Cadji Jessá (Celequisse) e Cabi, que visitou já ao fim da tarde.
Na quarta-feira, o Representante Especial do Secretário-Geral (RESG) voltou a estar reunido ao princípio da manhã com o Governador, Fernando Abna, e com o administrador, Rui Gonçalves Cardoso, entre outras personalidades, saindo de São Domingos com destino, sucessivamente, a M'Gaia e Ingoré.
A caminho de Canchungo, José Ramos-Horta fez questão expressa de parar na estrada para saudar os agentes da alfândega que fazem o controlo do tráfego de bens e mercadorias com o vizinho Senegal.
O RESG fez esta síntese do périplo:
Muito bem impressionado com a adesão das autoridades locais e provinciais e, também, com a adesão da população, por demais interessada neste processo de recenseamento, se não totalmente pela realização das eleições gerais a 16 de Março, pelo menos também pelo facto de, pela primeira vez nas suas vidas, ter um cartão de identidade de cidadão nacional. Assim, é totalmente compreensível o entusiasmo da população.
Dado ser a primeira experiência num processo eleitoral em moldes mais sofisticados e sem precedente nas 40 anos de história da Guiné-Bissau, é compreensível que as equipas técnicas do Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral-GTAPE fiquem assoberbadas com a afluência aos centros de registo e pelas dificuldades inerentes ao próprio processo A saber, a inexperiência, ultrapassada à medida do desenrolar do processo, e as condições climáticas adversas, como sejam o calor, humidade e poeira, nocivos para o sensível equipamento electrónico, que não resiste e se avaria: geradores, impressoras e câmaras digitais, a par de interrupções no circuito de fornecimento de combustível devido à situação precária do país.
Por outro lado, fico igualmente impressionado dada a relativa rapidez com que a base dos serviços, em Bissau, tem respondido às dificuldades, embora nem sempre a tempo, porque isso é quase impossível. A título de exemplo posso citar o caso das eleições em Timor-Leste (2012), em que houve forte apoio internacional, em viaturas e até helicópteros.
Portanto, temos de compreender os altos e baixos, falhas, percalços, e felicito as autoridades nacionais e provinciais: só quem, como eu, vai quase a diário ao Gabinete GTAPE e também ao terreno, pelo país fora, pode compreender os esforços e as contrariedades.
Não vamos desistir, continuaremos a estar onde for preciso para encorajar e dar apoio moral, tentando resolver os problemas que surgirem, como tem acontecido em parceria com o Primeiro-Ministro, Rui Barros.
Relativamente à questão de algumas brigadas estarem ser receber, isso acontece porque verbas prometidas por doadores não foram ainda desembolsadas.
Saúdo finalmente a numerosa e ativa participação das mulheres e, da mesma forma, a sensibilidade das autoridades, que lhes dão prioridade nas filas de espera para o recenseamento, de modo a poderem regressar o antes possível aos seus afazeres domésticos.