RESG reunido com as tres sensibilidades do PAIGC

27 jan 2014

RESG reunido com as tres sensibilidades do PAIGC

9 de Janeiro de 2014 - O Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para a Guiné-Bissau recebeu em separado os líderes das três sensibilidades do PAIGC na sede do UNIOGBIS para um ponto à situação política nacional em geral, e do partido, em especial, que prepara o seu congresso.

José Ramos-Horta esteve reunido com Domingos Simões Pereira, Braima Camará, Manuel "Manecas" Santos e Carlos Correia, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), no Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS).

No rescaldo do encontro, o Representante Especial do Secretário-Geral (RESG) declarou:
Reuni com as três sensibilidades do PAIGC, para que cada uma destas sensibilidades - através dos seus representantes - me fizesse uma apreciação da situação politica no país, em geral, e em particular no seio do PAIGC, com referência aos preparativos para a realização do seu congresso.

Como se sabe, a realização do congresso foi mais uma vez adiado, nomeadamente devido ao processo de impugnação movido por apoiantes do candidato à liderança Braima Camará. Está pendente o pronunciamento do tribunal nesta matéria.

O Congresso do PAIGC, marcado para os passados dias 4 a 7, foi adiado, estando pendentes as reuniões do Bureau Político e do Comité Central e o desfecho da impugnação movida por apoiantes do candidato à liderança Braima Camará, que puseram em causa a decisão do Departamento Jurídico de validar os resultados das convenções regionais em Bafatá e Oio.

Enquanto já houve uma aproximação entre a sensibilidade de Carlos Correia, veteranos do PAIGC e o candidato Domingos Simões Pereira, aliados agora numa plataforma única para ir ao congresso, continua a existir uma polarização entre o candidato Braima Camará e outros.

Não vejo com preocupação as discrepâncias, algumas profundas, entre as sensibilidades no PAIGC. É natural num partido. Enquanto muitos se preocupam com o debate, ou controvérsia interna no PAIGC, eu acho que devemos ver as coisas pela positiva na democracia, isto é, a luta interna de várias sensibilidades para a liderança do PAIGC só revela a saúde democrática do partido e a tolerância.

O RESG instou os representantes das três sensibilidades do PAIGC, candidatos à liderança do partido, a encontrarem uma saída que não fique refém da lentidão da justiça, pondo em causa a participação do PAIGC nas eleições gerais de 16 de Março.

O que agora é necessário é que se realize o congresso, que haja uma decisão democrática no congresso. O congresso existe para isso, para eleger uma liderança, aprovar um estatuto.
Portanto, que se toma uma decisão livre, democráticas e civilizada no congresso e, se for bastante transparente, e com muita integridade, todos devem aceitar o veredito dos delegados do congresso.

Continuo preocupado com os constantes adiamento da realização do congresso, porque se aproxima a data limite para que o PAIGC possa depois inscrever a lista dos seus candidatos para as eleições gerais.

Um partido que já tem mais de meio século de existência deve ter capacidade de diálogo, de resolver os problemas políticos que persistem no seu seio.

O que é peremptório é que não poderá haver mais adiamentos das eleições gerais na Guiné-Bissau. A comunidade internacional em particular, o Conselho de Segurança das Nações Unidas reagiria muito negativamente face a outro adiamento, o que desacreditaria a todos, a elite política, o regime de transição, fragilizaria o próprio Gabinete Integrado da ONU para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) e eu, como Representante Especial do Secretário-Geral (RESG), assumiria as responsabilidades, com todas as consequências.