Eleições/Recenseamento Eleitoral: RESG - Banho de Multidão em Buba

27 jan 2014

Eleições/Recenseamento Eleitoral: RESG - Banho de Multidão em Buba

3 de Janeiro de 2014 - O Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para a Guiné-Bissau realizou no fim-de-semana a primeira visita de Ano Novo à Região Sul para “ver de perto o recenseamento eleitoral” e foi acolhido com banho de multidão em Buba, Quinará.

José Ramos-Horta foi o orador de honra no Mercado Municipal de Buba – em reconstrução com o apoio solidário da Missão de Cooperação Timor-Leste – Guin¬é-Bissau, dirigida por Alberto Carlos -, ocupando o centro da mesa em que, além destas duas personalidades, marcaram presença o governador, Mamadu Baldé, autoridades militares, policiais, civis e religiosas, régulos, sociedade civil, organizações não-governamentais (ONG) e centenas de populares.

O chefe do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) deixou a seguinte mensagem, aqui reproduzida na íntegra:

Dentro de dois meses e meio, vocês, homens, muheres e jovens da Guiné-Bissau, vão escolher o novo Presidente da República, votar nos partidos políticos para a nova Assembleia Nacional Popular (ANP), daí saindo o próximo Primeiro-Ministro e Governo.

Neste momentro está a decorrer o recenseamento eleitoral, foram registados em todo o país, até 31 de Dezembro de 2013, acima de 260.00 eleitores, e eu apelo para que todos o façam, é o vosso direito como cidadãos e a oportunidade para escolherem o Presidente da República, o Parlamento e o Executivo.

É vossa esta terra sagrada, a Guiné-Bissau, o passado é vosso, a história, o presente…e o futuro também vos pertence, embora possa ser pior, ou melhor, se hoje plantarem a semente da democracia, tolerância, liberdade e participação.

As Nações Unidas, que eu represento, não substituem o povo, nem os líderes da Guiné-Bissau. Estamos aqui só para vos ajudar, ao lado do povo e dos líderes. As decisões são vossas, a de participar no recenseamento, a de votarem livremente. Não pode haver mais adiamentos para as eleições. E para tal, ninguém pode faltar ao recenseamento, mesmo estando longe, sendo difícil, tendo de esperar o dia todo na fila, haja paciência e aceitação das falhas e dificuldades. Todos conhecemos o problema dos transportes e das distâncias e, portanto, é necessária plena colaboração, andando todo o dia se for preciso, esperando o dia todo se preciso for, para poder exercer o direito soberano a 16 de Março.

Só após as eleições, correndo tudo bem, sendo livres, democráticas e sem violência, estando formado o novo govverno, a União Europeia levantará as sanções e outros países poderão regressar para ajudar a Guiné-Bissau.

Por isso, as eleições são inadiáveis, após duas prorrogações em Abril e Novembro de 2013. Agora, a data de 16 de Março é firme e digo, quanto mais adiada for a consulta popular, maiores serão as dificuldades para o povo da Guiné-Bissau.

Apelo ao povo para que transmita a todas as autoridades, sem exceção, a necessidade de trabalhem mais seriamente em prol das eleições.

Agradeço a vossa hospitalidade e a das autoridades locais, bem como a contribuição amiga de Timor-Leste, num gesto de solidariedade de um país pobre para com outro país pobre. De facto, a solidariedade não vem só dos países ricos para os pobres. A solidariedade deve ser também e sobretudo entre os pobres.

E mesmo vocês, nas vossas comunidades, as famílias pobres que ajudem outras famílias pobres. É por este motivo que não existe fome na Guiné-Bissau, é por causa da interajuda, da generosidade dos pobres a quem algo sobra – sal, açúcar, arroz, milho – partilhada com outros pobres. Esta é a solidariedade do Terceiro Mundo.
Que Deus vos abençoe.

O Representante Especial do Secretário-Geral (RESG) das Nações Unidas (ONU) começou o périplo na capital, a caminho de Bafatá (leste) e, a seguir, de Buba (sul), onde se situam dois dos três escritórios regionais do UNIGBIS, a par de São Domingos (norte). Antes do banho de multidão no Mercado Municipal de Buba, manteve um encontro na sede do executivo regional com as autoridades locais. À saída, declarou:

Vim ver de perto o processo de recenseamento em curso para as eleições gerais de 16 de Março. E estou satisfeito com os progressos, apesar dos contratempos que têm gerado alguma lentidão. Mas, sabendo que no fim do ano ficou completo o recenseamento de um terço do potencial universo de eleitores, dou os parabéns às equipas no terreno e aos técnicos timorenses que as formaram e dotaram como equipamento.

Tendo visitado esta região em várias ocasiões e constatado as precariedades, posso garantir que terei sempre as portas abertas e estarei à disposição para mobilizar os apoios possíveis.

Entre estes apoios estão o da Missão de Cooperação Timor-Leste – Guin¬é-Bissau, que além da reconstrução do Mercado Municipal de Buba doou cinco embarcações, motores e artes de pesca, e o do Global Fund initiative que, segundo José Ramos-Horta, poderá disponibilizar 1,3M de dólares norte-americanos para projetos de desenvolvimento na Guiné-Bissau em 2014.

O prémio Nobel da Paz teve ainda oportunidade de visitar o Parque Nacional da Cufada e de acompanhar o recenseamento – com duas mesas em atividade – na tabanca (freguesia) de Danture.

O périplo terminou com com uma visita ao Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP) e à Lagoa de Cufada – Rio Grande de Buba, uma das sete áreas protegidas da Guiné-Bissau, tendo estado José Ramos-Horta sempre acompanhado pelo governador Mamadu Baldé e pelo diretor do IBAP Joãozinho Mané.