Dia Internacional da Paz assinalado com marcha: Guiné-Bissau à procura de soluções

A Comissão Organizadora da Conferência Nacional (COCN) – Caminhos para a Paz e Desenvolvimento celebrou, pela primeira vez, em parceria com as Nações Unidas, o 21 de setembro - Dia Mundial da Paz.

26 set 2017

Dia Internacional da Paz assinalado com marcha: Guiné-Bissau à procura de soluções

Um dia que, segundo o presidente da Comissão padre Domingos da Fonseca, é muito importante para a humanidade. Por isso a COCN quis usar a simbologia de uma Caravana de Paz “para reforçar a necessidade de se caminhar todos juntos, para a construção de uma paz verdadeira, capaz de levar a Guiné-Bissau a sendas de desenvolvimento e ao bem-estar social em geral.” 

Domingos da Fonseca disse ainda que “se esta causa é justa, então os fins serão atingidos, se a Paz é o caminho, então vamos marchar para esse destino, porque só com a verdade e a paz é que a Guiné se libertará”.

“A COCN vai continuar a trabalhar para o cumprimento do roteiro e o cronograma estabelecido para a Conferencia Nacional em torno dos seus nobres objetivos, que é o de se poder iniciar e fortalecer o processo de uma reconciliação duradoura na Guiné-Bissau”, sublinhou.

O representante Especial- Adjunto das Nações Unidas na Guiné-Bissau, David MacLachlan-Karr, transmitiu a mensagem do Secretário-Geral para este dia lembrando que a missão das Nações Unidas “é trabalhar pela paz - todos os dias e em todos os lugares. Não devemos permitir que nenhum interesse de grupo, ambição nacional ou diferença política coloque a paz em risco.”

Um grupo de cerca de 100 pessoas da sociedade civil, de organizações associativas das mulheres entre outros, iniciou no cruzamento junto à sede do Benfica, percorreu a Avenida dos Combantes da Liberdade da Pátria e teve o seu momento alto no espaço verde do Bairro D’Ajuda, II Fase, em Bissau.

A marcar também a data, o auditório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) foi igualmente palco de um ciclo de conferência. Tratou-se, desta vez, da quarta conferência, promovida por esta instituição, em parceria com o Gabinete Integrado das Nações Unidas de para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), sobre o tema “O Ensino da História como Instrumento para a Construção e Consolidação da Paz na Guiné-Bissau”. Na conferência, proferida por Leopoldo Amado, moderada por Fodé Mané, com os comentários de Carlos Pereira, participou bom número de jovens estudantes de diferentes universidades da capital, professores de história e estudiosos nesta área.

Também, o UNIOGBIS dedicou ao 21 de setembro, uma hora de emissão de rádio em directo na Rádio Sol Mansi sobre “Os desafios da Consolidação da Paz na Guiné-Bissau” que teve como convidados, Rui Jorge Semedo, investigador associado ao INEP, o padre Domingos da Fonseca, presidente da Comissão Organizadora da Conferência Nacional (COCN) – Caminhos para a Paz e Desenvolvimento, Júlia Alhinho, Oficial e chefe do Departamento de Informação Pública do UNIOGBIS.

Na sua análise, Rui Jorge Semedo disse que na origem da instabilidade está o facto de não se ter continuado a política que Amílcar Cabral traçou para o país depois da sua independência, e que levou a Guiné-Bissau a conhecer momentos de uma paz aparente por cerca de seis anos, durante os quais o jovem Estado teve muita ajuda internacional. Ele lembrou que durante esse tempo, “o jovem Estado já tinha inaugurado várias fábricas, incluindo uma de montagem de viaturas e um complexo-agro-industrial.”

Contudo, a 14 de novembro de 1980, “ressentimentos de difícil explicação levaram a um golpe de Estado militar, que foi o início de um fenómeno que, por anos seguintes, se transformou num vício de mau gosto. Esta situação de instabilidade, acrescida à impossibilidade das autoridades do país de escapar do círculo de um mercado para o qual os países vizinhos puxaram-no e a ausência da autoridade do Estado, fizeram a que os guineenses tivessem o país que têm.”, concluiu o Investigador.

O padre Domingos da Fonseca reiterou a necessidade e a urgência da conferência nacional, acontecimento que considera como “um meio para os guineenses definirem a forma como quem resolver e sarar as chagas que a luta de libertação, golpes de Estado ou diferentes governantes causaram a uns e a outros.”

A chefe do Departamento da Informação Pública do UNIOGBIS, Júlia Alhino, voltou a afirmar a determinação das Nações Unidas e da comunidade internacional no seu todo em ajudar a Guiné-Bissau a resolver a sua crise política, tendo na mira, o Acordo de Conacri e demais instrumentos estabelecidos para esse fim.