Guiné-Bissau consegue atingir a meta internacional de alfabetização se continuar ao ritmo actual

Sob o lema “Literacia num Mundo Digital” celebrou-se no dia 8 de Setembro de 2017 o Dia Internacional da Literacia, instituído pela UNESCO em 1965 com o objectivo de erradicar iliteracia em todo o mundo.

3 out 2017

Guiné-Bissau consegue atingir a meta internacional de alfabetização se continuar ao ritmo actual

Na Guiné-Bissau, segundo o último recenseamento geral da população e habitação de 2009 62,1 por cento das mulheres não sabiam ler. Entre os homens a taxa de analfabetismo era de apenas 34,8 por cento.

Para inverter esta situação a direcção geral de alfabetização tem investido na educação de adultos. Em 2012, foram formados cerca de 4 mil adultos, em 2016 o número subiu para 16 mil, dos quais 12 mil eram mulheres.

O coordenador dos centros de alfabetização de região de Oio, Braima Ndjai, disse que “o maior desafio da direcção geral de é de conseguir diminuir a taxa de analfabetismo até 30 por cento até 2020, meta estabelecida na CONFINTEA VI  (Conferência Internacional de Educação de Adultos), neste momento a taxa a nível nacional é de 49,9 por cento, o objectivo é baixar esta taxa para atingir a meta”.

Os projectos de alfabetização ganharam força nas regiões, o que contribuiu muito na diminuição da taxa de analfabetismo a nível nacional.

Na região de Quinara, sul do país, a senhora Suncar Mané, de 45 anos de idade é aluna de uma escola de Alfabetização em Buba. Suncar disse que agora “graças a alfabetização consegue escrever o seu nome, fazer as contas, o que antes não conseguia fazer sozinha sem ajuda de outra pessoa, por isso apela todas as mulheres para irem aos centros de alfabetização para saírem da escuridão”.

Na região de Bafatá, leste do país, uma jovem conta a sua história. A sua tia queria tirá-la da escola para dá-la em casamento. “Eu recusei, disse à minha tia que não vou casar, vou continuar a minha escola, fomos até a policia, depois encaminharam o caso para tribunal. No tribunal disseram que eu era menor, e dar uma menor em casamento é crime. Perdi aquele ano lectivo, mas no ano seguinte continuei e já terminei o meu 12º ano”, disse a menina com orgulho.

A Afectos com Letras, é uma associação de cariz social, criada em Setembro de 2009 com o objectivo de promover a educação. A coordenadora desta ONG, Joana Benzinho garante que “num futuro muito próximo criar uma área de formação profissional para as meninas vítimas de casamento forçado, neste centro as meninas terão oportunidade de tornarem-se independentes para cuidarem das suas vidas e terem um futuro melhor”.

Cristina Burgolio, representante adjunta de UNICEF disse que “trabalham em parceira com o ministério da educação e outros parceiros no programa do país 2016-2020 tendo enfoque na educação primária porque 44 por cento das crianças entre 6 a 11 anos estão fora do sistema de ensino devido a falta de acesso e qualidade de educação, e brevemente vão lançar uma campanha denominada 6/6 a nível nacional com o objectivo de sensibilizar os país, encarregados de educação, professores e directores das escolas a mandarem as crianças para escolas e deixa-las acabar o ensino básico obrigatório”.

A literacia faz parte da Agenda da Educação 2030 das Nações Unidas pela qual a comunidade internacional compromete-se em garantir uma educação de qualidade, inclusiva e equitativa para todos.