Estigma associado a Covid preocupa as autoridades sanitárias do país

Só a informação e educação sobre a doença pode ajudar a combater o estigma

As autoridades sanitárias do país estão preocupadas com o nível de estigmatização social associado à COVID-19.

Só a informação e educação sobre a doença pode ajudar a combater o estigma

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Só a informação e educação sobre a doença pode ajudar a combater o estigma

Só a informação e educação sobre a doença pode ajudar a combater o estigma

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15 mai 2020

Estigma associado a Covid preocupa as autoridades sanitárias do país

Algumas pessoas suspeitas de terem contraído COVID19 recusaram fazer testes, e a razão pode estar relacionada com medo ou estigma, receio de serem julgados pelas suas próprias comunidades.

Braima, um morador de bairro Militar confirmou esta tese quando ligou para um programa interactivo da ONU na Rádio Jovem a testemunhar como a sua própria comunidade o julgou, depois de sentir sintomas iguais aos do coronavírus e decidiu alertar as autoridades sanitárias para fazer um teste e assim confirmar se contraiu a doença ou não.

“Estava com febre, tosse e respirava com dificuldades, então no dia seguinte liguei para o numero de emergência 2020 e imediatamente enviaram uma equipa de resposta para minha casa para extrair amostra e dias depois recebi o resultado e graças a Deus deu negativo, mas fui julgado pelos moradores do meu bairro por ter reportado o meu caso as autoridades sanitárias.”. contou Braima.

“Na opinião deles, eu não devia chamar os agentes de saúde, não devia me expor daquela forma, é uma vergonha o que eu fiz”, explicou.

Braima continua a pensar que fez bem chamar os agentes de saúde logo que aqueles sintomas porque considera ser “a única maneira de protejer as crianças em casa, os vizinhos e a sua própria comunidade”. Diz que se o seu exame fosse positivo aceitaria ficar isolado para não propagar o vírus e contaminar os outros.

A Psicóloga Dionísia Antonio de Pina Oncunho alerta que comportamentos como o dos vizinhos do Braima podem traumatizar, “porque a pessoa em causa começa logo a questionar-se o que é certo? Ficar calado contaminar os outros e colocar a própria vida em risco ou aceitar a doença procurar os agentes de saúde e depois ser julgado pela sociedade?”

 Dionísia Oncunho louvou a atitude e coragem do Braima que depois de ter passado uma experiencia desagradável teve coragem de ligar num programa de radio para falar da sua história e com isso alertar para os problemas do estigma.

“Atitude do Braima foi a de um cidadão consciente, ele não pensou só em si, mas pensou também na sua família, no seu vizinho, na sua comunidade e no seu país, e isto se chama cidadania.”, disse a especialista. 

As evidências mostram claramente que o estigma e o medo em torno do novo coronavírus dificultam a resposta e pode contribuir para propagação do vírus. O estigma pode ser agravado por um conhecimento insuficiente sobre como a nova doença coronavírus (COVID-19) como é transmitida e tratada, e como prevenir a infeção.

A forma como comunicamos sobre a COVID-19 é fundamental para apoiar as pessoas a tomarem medidas eficazes para ajudar a combater a doença e para evitar alimentar o medo e o estigma, e por isso a equipa da ONU na Guiné-Bissau, liderada pela OMS, fez pequenas sondagens, e desenhou uma campanha de comunicação para apoiar os esforços das autoridades da Guiné-Bissau para informar a população e garantir o empenho de todos no combate à pandemia. O slogan da campanha é “Juntos podemos vencer o coronavírus”.

Perante o aumento de estigmatização associado à COVID19 o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Thedros Adhanom Ghebreyesus, disse numa das suas declarações que “É tão doloroso ver o nível de estigma que estamos assistiro”, acrescentando que, “e a discriminação, para ser honesto, é mais perigosa que o próprio vírus.”

A Organização Mundial da Saúde lançou recentemente um guia contra estigma com orientações sobre como falar da nova doença e com os pacientes com orientação técnica para indivíduos e profissionais de saúde, que estão sob enorme tensão no momento.

O estigma e a discriminação podem prejudicar os esforços das autoridades sanitárias a enfrentar a pandemia, ao fazer com que as pessoas tenham medo de procurar por informações, serviços e métodos que reduzam o risco de infeção e de adotar comportamentos mais seguros com receio de que sejam levantadas suspeitas em relação ao seu comportamento.