Crise política está a agravar condições de vida das populações - RESG

8 mai 2012

Crise política está a agravar condições de vida das populações - RESG

7 Maio 2012 - A actual crise política na Guiné-Bissau está a agravar as condições de vida da população, disse, segunda-feira, o Representante Especial do Secretário-Geral no país, Joseph Mutaboba, precisando que o fim do impasse passa por uma solução que envolve todos os actores nacionais.

 

 

"Enquanto prosseguem as negociações para encontrar uma solução à crise, as necessidades da população da Guiné-Bissau são postas de lado", disse Mutaboba ao Conselho de Segurança. "Devido à crise política, o pagamento dos salários aos funcionários foi adiado, na falta de um Governo, e a campanha de comercialização da castanha de cajú, essencial para a economia e o sustento da população, tem sido perturbada".

Mutaboba, que apresentava o último relatório do Secretário-Geral Ban Ki-moon sobre a situação no país, salientou que o adiamento permanente da restauração da ordem constitucional tem tido um impacto negativo sobre os cidadãos inocentes que querem ver uma solução rápida da crise e notou que o Conselho deve ponderar medidas contra aqueles que põem em perigo o processo de diálogo.

"O Conselho certamente poderá considerar a adopção de medidas selectivas contra aqueles que continuam a obstaculizar a restauração da ordem constitucional", disse.

De acordo com inquéritos feitos pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), o impacto da situação sobre as pessoas nas regiões de Oio, Quinara, Gabú, Bafatá e Cacheu mostrou que a castanha de cajú tem sido vendida a um preço inferior ao estabelecido, afectando negativamente o rendimento das populações que contam com a sua venda para ganhar o sustento.

Mutaboba também sublinhou que uma solução definitiva deve incluir todos os actores nacionais, visto as divisões existentes entre os grupos políticos e militares na Guiné-Bissau, e reiterou que continuará a trabalhar com os actores nacionais para consolidar o diálogo entre os vários sectores da sociedade no sentido de se chegar a uma solução consensual.

De igual modo, o Representante Especial realçou a importância da mediação conduzida pela CEDEAO e apelou a comunidade internacional a manter o seu engajamento na Guiné-Bissau.

Na sua intervenção ao Conselho, a presidente da Configuração Específica da Guiné-Bissau na Comissão de Consolidação da Paz, a embaixadora Maria Luiza Viotti, do Brasil, apelou a libertação de todos os detidos e realçou a importância da restauração da ordem constitucional.

"O primeiro paso rumo a uma reconciliação deve ser o respeito do estado de direito e o retorno à ordem constitucional", disse a embaixadora Viotti, reiterando o engajamento da Comissão de Consolidação da Paz em ajudar o país a implementar as reformas necessárias para alcançar a estabilidade política e subsequente desenvolvimento económico e social.

O ministro guineenses dos Negócios Estrangeiros, Mamadu Djaló Pires, bem como os representantes da CEDEAO e da CPLP também discursaram na sessão do Conselho de Segurança de segunda-feira. (Com Centro de Notícias da ONU)