Corrupção abre a porta para o tráfico de droga e lavagem de dinheiro

Para marcar o Dia Internacional contra o Abuso de Drogas e o Tráfico Ilícito – esta terça-feira (26) –, as Nações Unidas pediram a todos os países que promovam os serviços de prevenção, tratamento, reabilitação e reintegração, bem como garantir o acesso a medicamentos controlados. Na Guiné-Bissau continuou-se a campanha de prevenção nas escolas.

Para marcar o Dia Internacional contra o Abuso de Drogas e o Tráfico Ilícito – esta terça-feira (26) –, as Nações Unidas pediram a todos os países que promovam os serviços de prevenção, tratamento, reabilitação e reintegração, bem como garantir o acesso a medicamentos controlados. Na Guiné-Bissau continuou-se a campanha de prevenção nas escolas.

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26 jun 2018

Corrupção abre a porta para o tráfico de droga e lavagem de dinheiro

Na última década, a Guiné-Bissau foi apelidada por vários observadores como um “narcoestado”, tal a prevalência do tráfico de estupefacientes, nomeadamente cocaína oriunda da América do Sul com destino à Europa. O cenário mudou nos últimos tempos, graças à pressão da comunidade internacional, mas há indícios de que o consumo interno de droga aumentou, num país que só tem um centro de tratamento para lidar com o problema.

Segundo o Observatório Guineense da Droga e da Toxicodependência, o consumo de droga tem aumentado nos últimos anos, principalmente entre os jovens, o que constitui uma ameaça não somente para a saúde pública nacional, mas também o desenvolvimento socioeconómico do país.

O presidente de OGDT, Abílio Aleluia Có Júnior, alertou que “o país se está a deparar com o problema de consumo de droga entre os adolescentes, o que é muito preocupante pelo que alerta que é necessáriojuntar as cinergias entre todas as organizações estatais e não estatains para lutar contra este flagelo no país”.

O responsável sobre a área de reforço do Estado de Direito e instituições de segurança no UNIOGBIS, Antero Lopes alertou que a Guiné-Bissau sendo um estado frágil acaba por ser vítima de trafico de droga e outros tráficos internacionais que são originados fora da Guiné-Bissau.

“O Tráfico de droga e o crimes organizado transnacional é um fenómeno que está na raiz da instabilidade governativa, afeta o estado da Guiné-Bissau, afeta o tecido social do país e estamos preocupados também com os relatos que vamos ouvindo de que há um aumento do consumo, mas temos que perceber que tipo de aumento e que tipo de consumo, tem que haver maior objetividade nesta análise.”, acrescentou Antero Lopes.

A coordenadora do Grupo Intergovernamental de Ação contra o Branqueamento de Capitais na África Ocidental (GIABA), Teresa Viegas, concorda que “o tráfico de droga, a corrupção, a fraude e a evasão fiscal constituem as principais infrações subjacentes ao Branqueamento de Capitais e o resultado deste fenómeno tem um impacto grande a nível politico e social”.

O GIABA considera a Guiné-Bissau um país “com grande vulnerabilidade com potencial para atrair criminosos” que se dedicam ao branqueamento de capitais. A organização adianta ainda que a Guiné-Bissau, continua a ser um “Estado frágil” a nível das estruturas do controlo, pelo que “é passível de ser procurado pelo crime internacional”.

Com uma pontuação de 8.15, a Guiné-Bissau foi classificada em 2015 como o 4º país mais vulnerável ao branqueamento de capitais no mundo, de acordo com relatorio da GIABA.

Para Domingos Monteiro Correia, diretor nacional adjunto da Polícia Judiciária, a instituição reforçou ações de luta contra tráfico desde a prevenção e luta contra entrada de estupefacientes no país. “Neste momento temos algumas questões centradas, apreensões que tem haver com os correios que saem do Brasil e que são geridos pela rede do  crime organizado. Recentemente fizemos duas ou três grandes apreensões no Aeroporto Internacional Osavaldo Vieira.”, informou Domingos Correia.

A Iniciativa da Costa Ocidental Africana (WACI, sigla inglesa), foi criada por diversas organizações para implementar unidades contra a criminalidade transnacional em três países-piloto da sub-região em que há uma missão de paz da ONU: Guiné-Bissau, Libéria e Serra Leoa, devido a vulnerabilidade desses países ao tráfico de drogras e ao crime organizado transnacional.

Todos os anos morrem, em média, 190 mil consumidores de drogas ilícitas, cujo tráfico via crime organizado abre portas à corrupção, à lavagem de dinheiro e ao terrorismo, refere o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC)

O secretário-geral da ONU, António Guterres, acredita que é preciso uma resposta holística em várias frentes, e pede que os países garantam o acesso a medicamentos controlados, promovam alternativas económicas ao cultivo de drogas e tentem parar o tráfico e crime organizado.