Bissau-Guineenses comprometidos com a tolerância - pré-requisito para a paz

Desde 1995, o dia 16 de Novembro é celebrado em todo o mundo como o Dia Internacional da Tolerância, com base na Declaração de Princípios sobre a Tolerância da UNESCO. Apesar de na Guiné-Bissau a data nunca ter sido assinalada, todos concordam que este é um país de tolerância, de respeito pela diversidade.  

19 nov 2016

Bissau-Guineenses comprometidos com a tolerância - pré-requisito para a paz

Segundo a Declaração da UNESCO, “a tolerância é, antes de tudo, uma atitude activa fundada no reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais do outro.” E vai além, ao afirmar que “é uma virtude que torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz”.

A Guiné-Bissau pode ser considerada um país de tolerância, porque apesar do seu mosaico étnico-cultural, dos problemas políticos e militares cíclicos, e por estar num continente onde há muitos problemas étnicos e religiosos não há guerra.

Para os Bissau-Guineenses, a tolerância, não significa incapacidade ou covardia, mas sim uma virtude que pode contribuir de que maneira para a Paz e desenvolvimento de qualquer país.

O pastor Cláudio Silva, da radio luz, referiu que a sua instituição religiosa sempre defendeu que a tolerância religiosa deve existir universalmente e que isso sempre foi o programa da sua emissora.

“A nossa emissora desde o seu início há 11 anos atrás, ela implantou um sistema de comunicar-se em todas as línguas étnicas da nação, sempre houve mensagem de paz, sempre houve tolerância religiosa, até que nós não reconhecemos que haja intolerância religiosa na Guiné-Bissau, existe liberdade absoluta e entendemos que a contribuição da radio Luz é muito grande, em que se possa transmitir uma mensagem unificadora, conciliadora e reconciliadora a nível nacional”. 

Mamadú Baldé, director-geral da Rádio Sensibilização, garante que esta emissora” tem feito tudo pela paz, uma vez que as suas acções se assentam sobre princípios corânicos de divulgação de mensagens portadoras de sentido da paz”.

Segundo o padre Francisco Fernandes, vice-reitor do seminário maior inter diocesano da Guiné-Bissau, a tolerância não significa covardia, mas sim dar oportunidade para resolver problemas. “Temos que por a mão na consciência, encontrar o nosso limite e ver o que é preciso trabalhar e melhorar neste momento. Hoje por falta de tolerância, falta de compreender os outros e aceitar as diferenças, estamos a testemunhar ataques, até mesmo aos religiosos como é o caso de Nhoma e Bedanda, no sul do país”.

Para Guadalupe de Sousa Reis, chefe de secção dos direitos humanos do UNIOGBIS, a tolerância resume-se em três palavras: o respeito pela diversidade.

“A falta de respeito pela dignidade humana e pela sua diversidade leva a intolerância e essa intolerância pode começar sob a forma de discriminação de vários tipos que passa pelo medo, o ódio, o racismo, e a xenofobia. Por exemplo nós consideramos os refugiados e migrantes como um peso ou uma ameaça e pode essa intolerância culminar em conflito armado, por isso é necessário combater a intolerância logo do início para não deixar que ela chega aos extremos”.  

As Nações Unidas estão empenhadas em reforçar a tolerância para promover a compreensão mútua entre culturas e povos. Este imperativo constitui o cerne da Carta das Nações Unidas, bem como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e é mais importante do que nunca nesta era de crescente extremismo e violência, bem como conflitos alargados que são caracterizadas pelo desprezo pela vida humana.

Ban Ki-moon na sua mensagem, disse que “a ONU lançou uma nova campanha para promover a tolerância, respeito e dignidade em todo o mundo. Chamamos-lhe, simplesmente, "Juntos" (Together). Esta campanha foi pensada como uma resposta específica à xenofobia enfrentado por tantos refugiados e migrantes, e para destacar os objectivos benefícios da diversidade e da migração. Mas é parte do geral também dos nossos esforços para promover a compreensão mútua e a harmonia em todo o mundo”.

Segundo Irina Bokova, directora-geral da UNESCO, na sua mensagem por ocasião do Dia Internacional da Tolerância, disse queem um mundo marcado pela diversidade, a tolerância é um pré-requisito para a paz. É também uma alavanca para o desenvolvimento sustentável, na medida em que estimula a construção de sociedades mais inclusivas e, assim, mais resilientes, que são capazes de se inspirar nas ideias, na energia criativa e nos talentos de cada um de seus membros”.

A celebração do Dia é destinado não só aos governos e organizações mas também às comunidades e aos cidadãos, cabendo a todos promover a tolerância no seu espaço e no mundo.