“Corrupção é vírus de uma nação” – Inspector de luta contra corrupção

20 de Julho de 2016 – Num relatório publicado recentemente depois de uma visita à Guiné-Bissau, a relatora especial da ONU sobre a independência dos juízes e advogados, Mónica Pinto, considerou “a impunidade galopante, a instabilidade política elevada e a corrupção generalizada, nomeadamente entre os agentes do sistema de justiça, embora difícil de avaliar.”

25 jul 2016

“Corrupção é vírus de uma nação” – Inspector de luta contra corrupção

Nenhum país, em qualquer lugar do mundo está livre de corrupção. Sessenta e oito por cento dos países do mundo têm sérios problemas e cinco dos dez países mais corruptos do planeta figuram também na lista dos menos pacíficos, diz o estudo.

Se quiserem fazer da corrupção e da impunidade "uma coisa do passado", os governos precisam tomar medidas ousadas para garantir que o Estado de direito seja a realidade para todos "., recomendou a União Africana.

A Guiné-Bissau ocupa 158ª posição dos 167 países classificados de acordo com o relatório “Índice de Percepção da Corrupção 2015”. 

Segundo o relatório do Departamento de Estado norte-americano, também divulgado em 2015, a corrupção das autoridades, exacerbada pelo tráfico de droga, a violência e discriminação das mulheres e crianças são as principais violações de direitos humanos na Guiné-Bissau.

O Inspector Superior de Luta Contra Corrupção, Francisco Benante, reconhece que a “corrupção no país é generalizada, porque a corrupção atingiu a moral da população até ao mais baixo nível”.

Benante disse ainda que a corrupção “é como vírus no computador se entrar e não for limpado apaga todas as informações interessantes ali dentro. A corrupção também permite a entrada de traficantes no país e o branqueamento de capital”.

O Inspector Superior de Luta Contra Corrupção informou também que umas das prioridades que consta do seu plano de acção “é estender a inspecção por todo o território nacional com vista a sensibilizar, informar e incutir na mente dos cidadãos boas culturas e boa democracia”.

O seu trabalho não está no entanto livre de obstáculos.Francisco Banante apontou como razões que impediram a inspecção superior de fazer o seu trabalho, a falta de espaço físico, falta de orçamento específico para o órgão e falta de titularidade de acção penal.

Os cidadãos estão conscientes da necessidade de combater a corrupção para assegurar o desenvimento do país e até apontam soluções. Umaro Djau residenente em São Domingos sugeriu que “todos os pagamentos, todas as receitas de estado sejam bancarisadas, para evitar pagamentos directos nas instituições, porque o dinheiro que entra não vai para os cofres do estado e quando vai não vai na sua totalidade”. Outros cidadãos defendem que o estado deve acabar com as cobranças ilícitas, e repor o pagamento dos impostos, “porque só com impostos é que podemos construir o nosso país.”