Rádios comunitárias da Guiné-Bissau convertem-se à energia solar e ganham mais tempo de emissão

“Para poder operar a rádio, cada um dos 14 funcionários tinha que contribuir com 2500 francos CFA por mês para a eletricidade.

7 fev 2020

Rádios comunitárias da Guiné-Bissau convertem-se à energia solar e ganham mais tempo de emissão

Quando não havia mais dinheiro para comprar combustível, a rádio parava de funcionar", conta Abdulai Tama Camara, diretor da rádio Lamparam, em Iemberem, no coração do Parque Nacional de Catanhez, região de Tombali. Desde que foram instalados os 15 painéis solares e oito baterias, a rádio beneficia de 8 horas de energia, e em vez de apenas um programa noturno a rádio agora emite dois programas de radio por dia, das 6 às 22:00 e das 19:00 às 22:00. Além disso, a rádio poupa o dinheiro do combustível e até conseguiu abrir uma conta bancária. São os próprios técnicos da radio que fazem a manutenção dos painéis para assegurar o seu uso pelo maior tempo possível.

A radio Lamparam foi fundada em 1996, pela Associação para o Desenvolvimento (AD). Hoje é a terceira radio comunitária ao nível nacional. A sua emissão cobre a toda a zona fronteiriça com Conacri. A rádio divulga informação principalmente sobre a conservação da natureza, a agricultura e o meio ambiente. Tem um papel de sensibilização da comunidade, por exemplo sobre os preços das matérias primas ou as vacinas. Os seus jornalistas produzem informação em oito línguas: crioulo, português fula, balanta, mandinga, biafada, susso e tanda.

Esta é uma do grupo de cinco rádios e duas televisões comunitárias selecionadas, por se encontrarem em áreas remotas onde não chega o sinal da Radio e TV Nacional da guiné-Bissau, para beneficiar da instalação de painéis solares, no âmbito de uma parceria entre a ONU e a Rede Nacional de Radios e TVs Comunitárias (RENARC). Os painéis solares fotovoltaicos permitem a produção de energia renovável e limpa de forma gratuita, com menor pegada ecológica. Produzir eletricidade a partir da energia solar reduz o impacto negativo no ambiente, porque evita gastar eletricidade produzida através de combustíveis fósseis cuja produção emite gazes como o carbono para a atmosfera.

As rádios e televisões comunitárias da Guiné-Bissau são organizações sem fins lucrativos, e frequentemente enfrentem dificuldades económicas. A maioria dos funcionários são voluntários, e ainda contribuem para o funcionamento da radio. Na Guiné-Bissau a rádio é o principal meio de comunicação, através do qual os cidadãos recebem informações sobre a vida publica do país, saúde, educação ou agricultura. Mas em algumas zonas não chegam nem a rádio nem a televisão nacional. Graças às rádios e televisões comunitárias a informação consegue cobrir todo o território da Guiné-Bissau. Elas emitem em varias línguas nacionais e são um veículo de promoção da identidade nacional. A RENARC promove a união e sinergia entre as 40 rádios e televisões comunitárias do pais.

O projeto de 95 mil dólares americanos foi financiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Consolidação da Paz (PBF), implementado pelo Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Além da Rádio Lamparam e TV Massar também em Iemberém, beneficiaram do projeto a Radio Voz de Quelele, TV Klele e Centro multimédia (Bissau); Rádio Sancorla (Cambadju, região de Bafata) ; e Rádio Kossena (ilha Formosa, Bijagós).