Impasse político na Guiné-Bissau tem impacto negativo no desenvolvimento - enviado da ONU

17 de fevereiro de 2016 - O impasse político na Guiné-Bissau pode atrasar a implementação das reformas sérias e fazer retroceder o progresso do desenvolvimento neste país da Africa Ocidental, advertiu na quarta-feira, 17 de Fevereiro, o enviado das Nações Unidas no Conselho de Segurança.

18 fev 2016

Impasse político na Guiné-Bissau tem impacto negativo no desenvolvimento - enviado da ONU

A crise política prolongada na Guiné-Bissau está a ter um impacto negativo no processo de desenvolvimento e a situação pode piorar caso não haja "um diálogo franco e sincero", envolvendo todas as partes em causa, disse Miguel Trovoada, Representante Especial do Secretário-Geral e Chefe do Gabinete Integrado de Consolidação da Paz das nações Unidas na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), num briefing ao Conselho com  15 estados membros.

"Quanto mais as instituições do Estado e os principais atores políticos permanecerem divididos, mais a actual situação política se torna ainda mais complexa, atrasando a implementação das reformas necessárias," disse Trovoada quando apresentava o relatório do Secretário-Geral sobre a evolução do país e as actividades de UNIOGBIS.

Todas as partes envolvidas - em particular o Presidente, o Presidente da Assembleia Nacional, o primeiro-ministro e os partidos políticos - devem colocar o interesse nacional em primeiro lugar e envolver-se num  " diálogo franco e sincero, respeitando estritamente a Constituição e as leis", disse ele.

Se não o fizerem, advertiu ele, irão perpetuar o ciclo de instabilidade política que tem persistido na Guiné-Bissau por demasiado tempo e que destrói as perspectivas de seus cidadãos - que têm demonstrado um  "notável espírito cívico" - de desfrutar de tais serviços sociais básicos como a saúde e a educação. Ele também expressou preocupação sobre o crescimento do crime organizado, citando recentes casos de roubos  nas residências de um membro do Governo e um funcionário internacional das Nações Unidas.

António de Aguiar Patriota, Representante Permanente do Brasil junto das  Nações Unidas e Presidente da Configuração para a Guiné-Bissau da Comissão de Consolidação da Paz, disse ser reconfortante verificar que que a discórdia política não se traduziu em violência, mas é desanimador ver a instabilidade a forçar os parceiros internacionais a reter o desembolso de recursos financeiros prometidos na Conferência de doadores de Bruxelas 'em Março de 2015.

É da maior importância, acrescentou, que o Conselho de Segurança apoie a continuação da Missão de Segurança da Comunidade Económica dos Estados da  África Ocidental (CEDEAO/ECOWAS) na Guiné-Bissau (ECOMIB), cujo mandato terminaria em junho, observou ele.

A Comissão de Consolidação da Paz está empenhada em trabalhar em conjunto com o Conselho de Segurança para apoiar e reforçar o papel da ONU e do representante especial na Guiné-Bissau, disse ele, destacando também o importante papel das organizações regionais, como a União Africana e da CEDEAO, que de forma coerente têm articulado a necessidade urgente de superar os atuais impasses.

No entanto, ele enfatizou a importância da liderança nacional e da apropriação como factores catalisadores de mudança política. "As sementes de crescimento económico e social foram semeadas em Guiné-Bissau pelos guineenses, quando adoptaram uma visão de longo prazo para a construção da paz e reforma institucional [...] As dificuldades em melhorar a governação na Guiné-Bissau não devem impedir que o país de avançar e aproveitar oportunidades fundamentais para o  desenvolvimento ", disse ele.