Hepatite: Guiné-Bissau precisa de implementar despistagem sistemática

No dia Mundial da Hepatite, as autoridades de saúde da Guiné-Bissau lembram que este é um sério problema de saúde e que o país precisa de uma despistagem sistemática e mais estudos para conhecer a verdadeira dimensão do problema.

8 ago 2016

Hepatite: Guiné-Bissau precisa de implementar despistagem sistemática

O Dia Mundial da Hepatite é celebrado todos os anos a 28 de Julho, este ano sob o lema “Eliminação”. A data é uma oportunidade para intensificar os esforços nacionais e internacionais sobre a hepatite e exortar os parceiros e os Estados-Membros para apoiarem a implantação da primeira Estratégia Global do Sector da Saúde sobre a hepatite viral para 2016-2021, que foi aprovado durante a sexagésima nona Assembleia Mundial da Saúde, em Maio de 2016.

A nova estratégia introduz as primeiras metas globais para eliminar a hepatite viral. Estes incluem uma redução até 30% nos novos casos de hepatite B e C, e uma redução de 10% da mortalidade até 2020.

"O mundo tem ignorado a hepatite por sua conta e risco," disse a Dra. Margaret Chan, Directora-geral da OMS. "É tempo de mobilizarmos uma resposta global à hepatite na escala semelhante ao gerado no combate a outras doenças transmissíveis como o VIH / SIDA e tuberculose. "Em todo o mundo 400 milhões de pessoas estão infectadas com hepatite B e C, mais de 10 vezes maior ao número de pessoas que vivem com VIH.

Estima-se que 95% das pessoas com hepatite não têm conhecimento da sua infecção. Segundo a OMS, hepatite tem uma boa hipótese de cura, se diagnosticada precocemente e tratada correctamente.

Na Guiné-Bissau, a prevalência da doença situa-se entre 12, 17 e 19% de casos registados no ano passado, segundo os dados do Departamento das Doenças Transmissíveis e Não-Transmissíveis do Ministério de Saúde Pública. Segundo a mesma fonte, em 2015, foi observado que 13,24% pacientes tinham a hepatite B e 0,15% outros padeciam da hepatite C. Foi também descoberto, no mesmo grupo, que 2,13% de pessoas testadas sofriam ao mesmo tempo de problemas da hepatite B e do VIH.

De acordo com o Representante da Organização Mundial de Saúde na Guiné-Bissau, Ayigan Kossi, ainda falta uma despistagem sistemática para ter uma visão geral da extensão da doença no país. “Dependendo do modo de transmissão, a OMS dá apoio ao governo da Guiné-Bissau para a sensibilização da população e em seguida fornece meios à população para prevenirem contra diferentes formas de hepatite, com dificuldades variáveis de acordo com o tipo da mesma”, acrescentou Kossi.

O Director de Serviço do Departamento das Doenças Transmissíveis e Não-Transmissíveis do Ministério de Saúde Pública, Cristóvão Manjuba, realçou que “ o país ainda não dispõe de um estudo de base proporcional ampla para conhecer a verdadeira magnitude da doença, mas de acordo com os dados de que dispomos, a hepatite tem maior incidência em pessoas de 40 a 49 anos de idade, e que só em 2015, foram registados 583 casos positivos da hepatite B num conjunto de 783 casos, contra apenas 9 casos positivos da hepatite C, por isso apelo a todos para fazerem o teste de despistagem que lhe permitirá conhecer o seu estado serológico, no sentido de prevenir e cuidar para evitar futuras complicações”.

A hepatite é uma doença inflamatória do fígado provocada tradicionalmente por uma infecção viral. Existem cinco tipos principais do vírus: A, B, C, D e E, que podem causar infecção e inflamação do fígado e levar a cirroses e ao cancro do fígado.

A hepatite B, C e D surge pelo contacto com fluídos corporais infectados (por transfusão de sangue ou relações sexuais desprotegidas, por exemplo) enquanto a A e E por ingestão de água ou de alimentos contaminados.